amizade .


Parece-me que exiges de mim uma explicação e vou dar-te. É possível que estejas desapontado comigo e me julgasses menos implusiva. Com certeza gostavas que eu fosse como as outras raparigas aos dezassete anos ou, melhor, como elas deviam ser. Mas enganas-te!
Desde até há poucas semanas, a minha vida não têm sido fácil. Se tu soubesses quantas vezes chorei de noite, como era infeliz, como me sentia só, então compreenderias melhor porque é que quero estar sozinha.
Não foi de um dia para o outro que consegui chegar a viver sem o teu apoio ou seja de quem for.
Têm-me custado lutas e muitas lágrimas o ter-me tornado tão independente como agora sou. Podes rir-te, talvez não acredites, mas as coisas são como são. Tenho a consciência de ser alguém que sabe responder por si própria e que não se sente responsável para contigo.
Digo-te isto para que não penses que tenho segredos, porque, de resto só me considero responsável perante mim mesma!
Quando me debatia com algumas dificuldades, tu abriste os olhos e os ouvidos. Ajudaste-me e não me advertis-te para eu não fazer tanto alarido.
Eu era barulhenta porque não queria ser infeliz, eu era desinquieta porque queria abafar a voz que há dentro de mim.
Representei uma comédia, durante algum tempo, dia após dia, sem me queixar, sem perder a linha; Lutei até agora e venci. Sou independente de corpo e de espírito, saí fortalecida de todas as lutas.
E agora que alcancei o meu fim, agora que me impus, hei-de seguir sozinha o meu caminho, o caminho que me parece ser o melhor. Não podes, nem deves considerar-me uma rapariga de dezassete anos. A nossa tragédia tem-me envelhecido, e hei-de agir conforme me parece bem. Tu que és a bondade em pessoa, não me podes impedir de seguir em frente. Sei que nunca o fizes-te, pelo contrário.
Ou tu me proíbes em tudo ou tens de ter confiança em mim em todas as circunstâncias.
Texto: Vanessa Marques

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