abandono.

Agora não há esperança. Os meus amigos vêem nos meus olhos fingidos, que torço e retorço até me doerem as órbitas, procurando o pedaço perdido do que foi a minha curiosidade, do que foi a minha preocupação pelos outros, do que foi a minha simpatia, e só vêem um véu transparente, que nem sequer é fixo, estupidamente azul-claro, sobre o azul fechado da escuridão.

Já não sei o que dizer. A amargura apanhou-me as mãos em água e em vida. As mãos vão contra os olhos. Mexem.

«Amo-te tanto». Sempre essa palavra - tanto. E a pergunta ao outro, a quem parecia tão pouco: Mas quanto?

nota: «tanto» é a minha palavra preferida.

Texto: Vanessa Marques