a esta hora , e com esta disposição , não estou com a mínima paciência para fazer textos , por isso decidi fechar o meu pensamento , ainda que seja por meros segundos , para não pensar em coisas que simplesmente me dão a volta ao estômago . por isso , peguei num cadeado idealizado , coloquei-o a volta da minha cabeça e fechei-o a sete chaves para que ninguém o pudesse abrir , e pus a chave dentro da minha mesinha . o mais incrível , é que não consegui fazer o mesmo com o meu coração , e por não conseguir fazer o mesmo , é que resolvi tomar uma atitude . renovar , mudar , esquecer , não sei . qualquer coisa que me fizesse sair desta situação .
e que é que fiz ? abri um livro , numa página qualquer , talvez à espera de uma palavra que animo , e deparo-me com isto: “ o que custa mais não é tanto lembrar – é não esquecer. O que é que se faz com o que nos fica na cabeça, quando já não há nada a fazer ? “; sinceramente era mesmo disto que eu estava a procura (ironia) . também feita parva fui abrir um livro que se trata de um romance não podia esperar outra coisa (!)
sinceramente , o melhor que tenho a fazer é viver outra coisa . amar e ser amado distraí-nos irremediavelmente . o amor apouca-se e perde-se quando se dá aos dias e às pessoas . traduz-se e deixa de ser o que é . só na solidão permanece. […]

Texto: Vanessa Marques