«Gostava de te fazer uma pergunta: Acreditas no amor? E depois deixar-te a pensar (…)
Mas, antes de te deixar a pensar, ou talvez a conversar comigo, deixa-me despertar a tua atenção para um perigo: andam por aí muitas pessoas que julgam que o amor é outra coisa. Não porque haja muitas pessoas, mas sim porque há muitas imagens distorcidas do amor. É que ninguém espreita pelo buraco da fechadura do coração para ver o que é o amor. A única hipótese que temos de o conhecer é ele revelar-se com sentimentos verdadeiros, gratuitamente. Sem esta revelação de sentimentos, o amor não é mais do que a construção de imagens do amor, que nada têm de boa notícia. Infelizmente, temos muitas vezes transformado este amor vivo e vivificante no amor luxuoso, numa rugosidade vazia de vida, própria de figuras monstruosas que não sabem nada sobre o amor.
Precisamos de acordar o nosso coração, que adormece na falsidade dos sentimentos fáceis e das promessas descartáveis.
O mundo precisa de ti, para se tornar um lugar mais habitável. O mundo precisa de amor, para que a vida ganhe sentido, nos horizontes largos e infinitos. Sim, é verdade: o mundo precisa de amor, mas daquele verdadeiro que se revelou no coração de quem o sente literalmente.
Por isso, se alguém te voltar a perguntar, um dia destes, se tu acreditas no amor responde-lhe assim: “Perguntas-me se acredito no amor? Diz-me primeiro por qual amor me estás a perguntar, e eu te direi se acredito ou não.”
Porque andam por aí muitas caricaturas (…) É importante termos claro em quem não acreditamos! E por isso, vou partilhar contigo as imagens de amor nas quais eu me recuso a acreditar.
Recuso-me a acreditar no amor irrepreensível, um amor que permanentemente apanhamos a espreitar nos buracos da fechadura da nossa vida, espiando e condenando os nossos sonhos, vontades e projectos, recuso-me a acreditar num amor que só é necessário quando a vida nos começa a arder, aquele que não interessa nada a ninguém em momento nenhum mas se torna imprescindível quando já ninguém sabe como há-de resolver os problemas (…)
Acima de tudo, recuso-me a acreditar ‘nestes amores’ e em todos os outros parecidos com estes, porque nenhum deles se revelou verdadeiro. Porque o amor não é isto. O amor é o oposto absoluto a isto tudo!»
Eu acredito!
(E não, não foi escrito por mim)